"Ainda que nunca mais tenham os voltado a nos falar, permanecemos unidos tão estreitamente como é possível que se unam duas pessoas. Não consigo encontrar as palavras para expressar da forma adequada. Ele o fez melhor quando me disse que tínhamos deixado de ser dois seres separados, e, em troca, nos tínhamos convertidos em um terceiro, formado pelos dois. Nenhum de nós dois existia independentemente deste ser. E esse ser ficou sem rumo." "Agora compreendo que o verdadeiro amor, aquele incondicional, verdadeiro, eterno, o que une almas gêmeas, espíritos afins... Isso é o amor que ultrapassa essa barreira efêmera de tempo e espaço, não necessariamente estará ao seu lado fisicamente até os fins de sua vida terrena; mas com certeza estará gravado em sua alma... em seu coração...." Na verdade, embora longe um do outro, eles jamais se separaram.Porque para eles, o tempo parou naqueles poucos dias e os dois estavam em sintonia onde quer que estivessem. Certamente reviveram e sentiram na pele e principalmente na alma que, quando dois seres que se amam em espírito nunca se esquecem. É nesse amor de almas que eu acredito, todos temos a nossa metade, e num dia qualquer cruzamos com ela em nosso caminho. Não se separam, porque um amor assim é eterno! É um amor que ultrapassa as barreiras por mais instrnsponíveis que possam parecer. Os olhos da alma jamais se apagam.
Madison County, 07 de janeiro de 1987
Queridos Filhos,
Ainda que me sinta bem, creio que é hora de por minhas coisas em ordem. Existe algo muito importante, que vocês devem saber.
Para mim é difícil escrever isto a meus próprios filhos, mas devo fazê-lo. Aqui há algo que é demasiadamente forte, demasiadamente belo, para que morra comigo.
Como já descobriram, se chamava Robert Kincaid. Era fotógrafo e esteve aqui em 1965, fotografando as pontes cobertas. Recordam como a cidade estava emocionada quando as fotos apareceram no National Geographic? Recordam também que por essa época comecei a receber a revista. Agora conhecem o motivo de meu repentino interesse. A propósito eu estava com ele (levando uma das mochilas com as câmaras), quando tomou a foto da ponte Cedar.
Entendem que amei ao pai de vocês de uma maneira tranqüila. Ele foi bom comigo e me deu vocês dois a quem amo muito. Não o esqueçam. Mas Robert Kincaid foi muito diferente. A primeira vez que o vi foi quando me pediu orientação para chegar a ponte Roseman. Vocês e seu pai estavam na Feira Estadual de Illinois. Creia-me, eu não andava buscando nenhuma aventura. Isso era a última coisa que ocupava minha mente. Mas ao mirá-lo soube que o desejava, ainda que não tanto como cheguei a desejá-lo depois.
Ele era um pouco tímido, e eu tive tudo a ver com o que passou como ele. A nota guardada junto com sua pulseira é a que eu preguei na ponte Roseman para que ele a visse, na manhã depois de conhecermos. As fotos minhas que ele conservava foram as única prova que ele teve, ao longo dos anos, de que eu existia, de que não era algum sonho que ele havia tido.
Em nossa velha cozinha, Robert e eu passamos horas juntos. Falamos e dançamos a luz das velas. E, sim, fizemos amor ali e no dormitório e no jardim e em qualquer outro lugar que pensem. Era uma relação incrível, poderosa, transcendente, e continuou durante dias, quase sem parar. Sempre tenho empregado a palavra forte ao pensar nele.
Porque assim era quando nos conhecemos. Era como uma flecha na sua intensidade.
Filhos, compreendam que trato de expressar algo que não se pode dizer com palavras. Só desejo que algum dia os dois possam viver o que eu experimentei.
Se não fosse por seu pai e por vocês, eu teria ido a qualquer lugar com ele. Ele me pediu, me suplicou que o acompanhasse. Mas eu não pude fazê-lo e ele era uma pessoa muito sensível e afetuosa para nunca interferir nas nossas vidas.
O paradoxo é que se não houvera sido por Robert, não estou segura de ter podido permanecer na granja por todos esses anos. Em quatro dias me deu toda uma vida, um universo, e uniu em uma só as partes separadas de mim. Nunca tenho deixado de pensar nele, nem por um momento. ainda quando não se achava em minha mente consciente, o sentia em alguma parte, estava sempre ali.
Mas isso nunca diminuiu o que sentia por vocês dois e pelo seu pai. Ao pensar só em mim por um momento, não estou segura de ter tomado a decisão correta. Mas tendo em conta a família, creio com bastante certeza que sim.
Não quero que sintam culpa ou lástima por nós. Só quero que saibam o quanto amei a Robert Kincaid. Eu o senti dia após dia, durante todos estes anos, o mesmo que ele.
Ainda que nunca mais tenhamos voltado a nos falar, permanecemos unidos tão estreitamente como é possível que se unam duas pessoas. Não consigo encontrar as palavras para expressar da forma adequada. Ele o fez melhor quando me disse que tínhamos deixado de ser dois seres separados, e, em troca, nos tínhamos convertidos em um terceiro, formado pelos dois. Nenhum de nós dois existia independentemente deste ser. E esse ser ficou sem rumo.
Não me envergonho do que Robert e eu vivemos juntos. Eu o amei desesperadamente durante todos esses anos, ainda que, por minhas próprias razões, somente uma vez tratei de entrar em contato com ele. Foi depois da morte de seu pai. O intento fracassou e temi que houvesse acontecido algo. Assim nunca mais voltei a tentá-lo, por causa desse medo. Simplesmente não podia enfrentar essa realidade. De maneira que agora podem imaginar o que senti quando soube da sua morte.
Como disse, espero que compreendam e não pensem mal de mim. Se me amam, devem amar o que fiz. Robert Kincaid me mostrou como era ser mulher de um modo que poucas mulheres experimentaram. Era atraente e carinhoso, e por certo merece o respeito e talvez o amor de vocês. Espero que possam dar-lhe as duas coisas. A seu próprio modo, através de mim, ele foi bom com vocês.
Que sejam felizes, meus filhos.
Mamãe
"Quando assisti a esse filme (As Pontes de Madison Count), tive contato com uma situação que naquela época era totalmente irreal para mim... Uma situação completamente impensável, mas tinha algo nela de "dejà vu" que me incomodou muito... Como se fosse um insight do que me reservava o futuro... Hoje, vários anos depois, eu entendo perfeitamente os sentimentos e a opção feita por Francesca. Ela tinha que optar pelo amor por um (o grande amor de sua vida) para o amor por muitos (marido e filhos). Agora compreendo que o verdadeiro amor, aquele incondicional, verdadeiro, eterno, o que une almas gêmeas, espíritos afins... Isso é o amor que ultrapassa essa barreira efêmera de tempo e espaço, não necessariamente estará ao seu lado fisicamente até os fins de sua vida terrena; mas com certeza estará gravado em sua alma... em seu coração...."
Madison County, 07 de janeiro de 1987
Queridos Filhos,
Ainda que me sinta bem, creio que é hora de por minhas coisas em ordem. Existe algo muito importante, que vocês devem saber.
Para mim é difícil escrever isto a meus próprios filhos, mas devo fazê-lo. Aqui há algo que é demasiadamente forte, demasiadamente belo, para que morra comigo.
Como já descobriram, se chamava Robert Kincaid. Era fotógrafo e esteve aqui em 1965, fotografando as pontes cobertas. Recordam como a cidade estava emocionada quando as fotos apareceram no National Geographic? Recordam também que por essa época comecei a receber a revista. Agora conhecem o motivo de meu repentino interesse. A propósito eu estava com ele (levando uma das mochilas com as câmaras), quando tomou a foto da ponte Cedar.
Entendem que amei ao pai de vocês de uma maneira tranqüila. Ele foi bom comigo e me deu vocês dois a quem amo muito. Não o esqueçam. Mas Robert Kincaid foi muito diferente. A primeira vez que o vi foi quando me pediu orientação para chegar a ponte Roseman. Vocês e seu pai estavam na Feira Estadual de Illinois. Creia-me, eu não andava buscando nenhuma aventura. Isso era a última coisa que ocupava minha mente. Mas ao mirá-lo soube que o desejava, ainda que não tanto como cheguei a desejá-lo depois.
Ele era um pouco tímido, e eu tive tudo a ver com o que passou como ele. A nota guardada junto com sua pulseira é a que eu preguei na ponte Roseman para que ele a visse, na manhã depois de conhecermos. As fotos minhas que ele conservava foram as única prova que ele teve, ao longo dos anos, de que eu existia, de que não era algum sonho que ele havia tido.
Em nossa velha cozinha, Robert e eu passamos horas juntos. Falamos e dançamos a luz das velas. E, sim, fizemos amor ali e no dormitório e no jardim e em qualquer outro lugar que pensem. Era uma relação incrível, poderosa, transcendente, e continuou durante dias, quase sem parar. Sempre tenho empregado a palavra forte ao pensar nele.
Porque assim era quando nos conhecemos. Era como uma flecha na sua intensidade.
Filhos, compreendam que trato de expressar algo que não se pode dizer com palavras. Só desejo que algum dia os dois possam viver o que eu experimentei.
Se não fosse por seu pai e por vocês, eu teria ido a qualquer lugar com ele. Ele me pediu, me suplicou que o acompanhasse. Mas eu não pude fazê-lo e ele era uma pessoa muito sensível e afetuosa para nunca interferir nas nossas vidas.
O paradoxo é que se não houvera sido por Robert, não estou segura de ter podido permanecer na granja por todos esses anos. Em quatro dias me deu toda uma vida, um universo, e uniu em uma só as partes separadas de mim. Nunca tenho deixado de pensar nele, nem por um momento. ainda quando não se achava em minha mente consciente, o sentia em alguma parte, estava sempre ali.
Mas isso nunca diminuiu o que sentia por vocês dois e pelo seu pai. Ao pensar só em mim por um momento, não estou segura de ter tomado a decisão correta. Mas tendo em conta a família, creio com bastante certeza que sim.
Não quero que sintam culpa ou lástima por nós. Só quero que saibam o quanto amei a Robert Kincaid. Eu o senti dia após dia, durante todos estes anos, o mesmo que ele.
Ainda que nunca mais tenhamos voltado a nos falar, permanecemos unidos tão estreitamente como é possível que se unam duas pessoas. Não consigo encontrar as palavras para expressar da forma adequada. Ele o fez melhor quando me disse que tínhamos deixado de ser dois seres separados, e, em troca, nos tínhamos convertidos em um terceiro, formado pelos dois. Nenhum de nós dois existia independentemente deste ser. E esse ser ficou sem rumo.
Não me envergonho do que Robert e eu vivemos juntos. Eu o amei desesperadamente durante todos esses anos, ainda que, por minhas próprias razões, somente uma vez tratei de entrar em contato com ele. Foi depois da morte de seu pai. O intento fracassou e temi que houvesse acontecido algo. Assim nunca mais voltei a tentá-lo, por causa desse medo. Simplesmente não podia enfrentar essa realidade. De maneira que agora podem imaginar o que senti quando soube da sua morte.
Como disse, espero que compreendam e não pensem mal de mim. Se me amam, devem amar o que fiz. Robert Kincaid me mostrou como era ser mulher de um modo que poucas mulheres experimentaram. Era atraente e carinhoso, e por certo merece o respeito e talvez o amor de vocês. Espero que possam dar-lhe as duas coisas. A seu próprio modo, através de mim, ele foi bom com vocês.
Que sejam felizes, meus filhos.
Mamãe
"Quando assisti a esse filme (As Pontes de Madison Count), tive contato com uma situação que naquela época era totalmente irreal para mim... Uma situação completamente impensável, mas tinha algo nela de "dejà vu" que me incomodou muito... Como se fosse um insight do que me reservava o futuro... Hoje, vários anos depois, eu entendo perfeitamente os sentimentos e a opção feita por Francesca. Ela tinha que optar pelo amor por um (o grande amor de sua vida) para o amor por muitos (marido e filhos). Agora compreendo que o verdadeiro amor, aquele incondicional, verdadeiro, eterno, o que une almas gêmeas, espíritos afins... Isso é o amor que ultrapassa essa barreira efêmera de tempo e espaço, não necessariamente estará ao seu lado fisicamente até os fins de sua vida terrena; mas com certeza estará gravado em sua alma... em seu coração...."
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