18:18

Clarice sabe...

"(...)

- Este tecido é feito pela fada Miragem - respondeu a costureira.
- E como que a senhora corta?
- Com a tesoura da Imaginação.
- E com que agulha o cose?
- Com a agulha da Fantasia.
- E com que linha?
- Com a linha do Sonho."
(Monteiro Lobato)


Tem uma frase linda da Clarice Lispector que diz: "Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam". Ah, leio esta frase e fico submersa. Tanta coisa existe se acretidarmos que elas existem. Tantos mundos inventados tornam-se reais quando acreditamos que são reais. Clarice sempre falou por mim. Cada uma de suas palavras ditam a voz do meu coração. Desde o início ao fim, penso: é, eu não estou sozinha. Clarice sabe, sempre soube. Ela já sentiu o que estou sentindo. Já teve seu coração machucado e não parou. Assim como eu não paro. Não paro porque a poesia mora em mim. A música aqui dentro não pára. Sou fácil de se ler, só não tente entender porque o mesmo refrão insiste em tocar tanto. E é incrível como a força do meu acreditar vai além das tantas coisas possíveis nessa vida. Eu invento histórias para ser feliz. Invento romances para ver se acredito em mim. (Acredita?). Vivo no meu paraíso. E aqui existem palavrinhas sagradas e vozes que ditam e gritam: desligue-se, renove-se, reinvente-se. Esse mundo surreal de sonhos que me fazem acreditar. Acreditar em você, em propagandas de shampoo, em anjos. Acreditar em tudo. E isso me move. É essa fé que me faz levantar todo dia e pensar que preciso ser uma pessoa melhor. E não só preciso, como eu quero! Quero me ajustar. Quero acrescentar tudo que falta dentro do meu mundo. Não procuro a perfeição. Eu procuro - a tão procurada - felicidade plena. Procuro mais união. Mais fortaleza. Mais amor. O mundo não está nesse "salve-se quem poder" só por causa das guerras, do aquecimento global e dos nossos tantos medos camuflados por trás de materiais. Não. O mundo está triste porque parou de acreditar. As pessoas passaram a ser o espelho uma das outras. Por isso eu acredito. Tento mudar o modo de pensar das pessoas não para torná-las o reflexo de mim. Tento porque acredito na capacidade de mudança delas. Tento e sempre - quase sempre - me julgam por ser assim. Mas não faço por mal. Faço porque me preocupo mais com os outros do que comigo mesma. As suas dores são minhas dores. Eu sinto pela sua dor. Me dói não te ver sorrindo. Posso dar um dica? Que tal nos desligarmos? Vamos mudar o CD. Para ficar ligado é preciso saber desligar. Respeite sua hora. Respeite seu tempo. Não tenha preça. Quebre a rigidez. Ouse. Brinque. Viva com mais leveza. E - por favor - desligue-se. Agora grife isso: muitas coisas só têm seu fim quando nós queremos que elas tenha. Se não nos faz bem, pra que continuarmos? RENASÇA. Não vou começar com meus blablablás, prometo. Só acho que ouvir e mudar de opinião não quer dizer que sejamos sem caráter. Muito pelo contrário. Estamos mostrando para si que sabemos ouvir. Que sabemos mudar e nos ajustar. Que temos a humildade de dizer que não estamos certos. Estamos sujeitos à mudanças a todo instante. Então, vem cá. Que tal analisarmos nossas idéias com as opiniões das pessoas para refletirmos e juntarmos as peças do quebra-cabeça? Olhe bem para si mesmo. Veja o que está faltando nesse coração. Jogue o que não serve no lixo. Pegue suas peças, junte-as, cole-as, monte-as. E as que estão faltando é por sua conta. É como um jogo de cobra-cega que se não ouvirmos bem, não encontramos o tesouro. Então, OUÇA! Ouça porque não aprendemos tudo sozinhos. Não sejamos egoístas. Vamos nos abrir para o mundo. Porque a vida nos pega de surpresa tantas e tantas vezes. E nos auto-desligar e auto-conhecer será sempre preciso. Ela vem tão rápida e diz "CHEGOU A HORA" que não temos tempo de pensar se estamos ou não dispostos. E se não estivermos? Isso é consequência da nossa falta de coragem. Eu penso assim: quem não acredita, teme. Não minto que sou cheia de medos. Tenho medo de Jornal Nacional, de aranhas e de filmes de terror. Mas medo de viver eu não tenho. Não tenho medo de recomeçar e dizer: eu acredito no que invento e sou feliz assim. Pois eu juro que quem sonha é mais feliz.

18:03

Às avessas




Sou livre e - quem quiser - que me deixe ser assim. Leve e solta! Sou às avessas. Tenho preguiça de quem prefere o morno. Profundo sono de quem não erra. Sou fácil de se ler, difícil de se entender. Nunca estou satisfeita com esse ser que vive aqui dentro. E não tento mais encontrar respostas porque sei que será sempre a mesma: não há. Não há resposta. Já me contentei em não-entender a vida (por enquanto!). Sou de lua. Sou guerreira. Sou virginiana. Sempre quero o vôo mais alto, a vista mais bonita, o amor mais verdadeiro, o beijo mais doce. Tenho um lado metida de ser. Uma coragem que não morre. Um hábito - bom ou ruim? - de querer mudar a vida das pessoas. Vivo pra sentir. Sou amadora de carteirinha (e assino embaixo) de todos os luxos e lixos dessa vida. Tenho uma fé que me move. Sonho ilimitadamente. Não me pergunte o porquê nem até quando. Eu não sei. Não uso relógios. Não me importa se estamos em março ou abril. Nunca sei a hora certa. Sou ciumenta. Tenho uma teimosia que não me deixa. E aquele "q" de quero mais que não passa. Me encontro - sempre - nas palavras. Acho que é porque elas - só elas - entendem. Me entendem. Por isso, te peço (de um jeito meio sem-vergonha que é assim que costumo ser): me deixe ser, assim, do jeitinho que eu sou. Meio bicho, meio gente. Não existe começo nem fim por aqui. Gosto de pessoas inteiras. E quero de ser inteira também. Permita-me. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Tenho um lado meio "sem pudores" que fala o que pensa, é de mim. Poucos aceitam ouvir a verdade, mas eu aceito a minha realidade. É tão difícil de entender? Se eu gostar de você, tenta não me deixar tão solta (tá?). Eu amo a liberdade, mas adoro que me aguarrem, que me segurem e que peçam: FICA! Ou então, pelo menos, prove! Me prove. Eu gosto disso. Faço birra. Invento. Sismo. Duvido. E nem por isso sou menos linda, menos legal, menos chata. Tenho mania de me catalogar e me interrogar. Sempre ao acordar decido que preciso ser um pessoa melhor. Não sou normal. Digo não ao tédio. Vivo sorrindo. E às vezes choro bastante. Tenho um coração na boca. Um lado druida que não some. Um amor que nunca morre. Uma rebeldia que às vezes me cega. Um jeito de viver selvagem, mas sou mansa com quem merecer. Sou bem mais feliz que triste, mas em momentos fico meio distante. Não exijo tanto das pessoas, acredito nelas. E vivo com uma vontade de ser muitas e muito e ter só um coração.


P.S.: "Pelo inferno e o céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia"...

18:42

Curtas


I
O amor justifica tudo.

Até os erros - contra ele próprio.







II
Meus pecados, Deus há de perdoar.
Sem eles, certamente, eu não haveria sobrevivido.

18:35

Opaco




Sem amor, eu murcho.
Planta esquecida, secando de sede sob o sol.
Tecido sem brilho, folhas caídas.

Sem ele, eu sangro.
Sou corpo rasgado, arrancado os pedaços
Agonizando, pedindo para tudo acabar - oras, logo de uma vez!

Sem amor, me perco.
Caminho sem norte, olhos vendados.
Luz apagada na alma, pernas fracas, palavras incompreendidas.

Assim, desapareço.
Apago aos pouquinhos, deixo de ser.
E não ser, há de ser algo bem estranho para um ser vivente.

18:27

Asas





Eu acordei no meio da noite
Ouvindo gritos e pios
No sonho desperto
Pássaros caminhavam na terra
Pois estavam sem asas
E eu chorava
Porque também perdi as que tive
Pelo caminho

15:51

Silenciar



"Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores

Que eu não sei o nome

Cores de Almodóvar

Cores de Frida"

Kalo-me.


15:41

Palavra



Como diz Rubem Alves, a palavra é testemunho de uma ausência. Como tal ela possui uma intenção mágica, a de trazer à existência o que não está lá...


Sinto uma vontade insana de não escrever, no sentir..... então, escrevo-me!